segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A Fogueteira do Maracanã

No dia 3 de setembro de 1989, Brasil e Chile se enfrentaram num Maracanã lotado, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo da Itália, numa partida que acarretaria, em caso de vitória chilena, uma inédita eliminação da seleção brasileira. O ambiente antes do jogo era de apreensão. Um forte esquema policial foi montado para garantir a segurança da delegação do Chile, que esperava um clima de guerra no Maior do Mundo, visto o jogo era tratado como “de vida ou morte” para o Brasil.
Eis que, aos 24 minutos do segundo tempo, com o Brasil vencendo por 1 a 0, gol de Careca, a torcedora Rosenery Mello do Nascimento, de 24 anos, dispara um sinalizador usado em embarcações. A chama cai no gramado, muito próxima do goleiro chileno Roberto Rojas, que desaba no chão, simulando ter sido atingido.
A impressão de todos, tanto no estádio quando os que assistiam à partida pela tevê, era que Rojas havia, realmente, sido atingido, uma vez que os chilenos se retiraram do campo revoltados, com o goleiro sendo carregado completamente ensangüentado. O árbitro argentino Juan Lostau, então, encerrou a partida após aguardar a volta dos chilenos durante 20 minutos, o que não aconteceu.
Presa em flagrante, Rosenery passou algumas horas sendo a grande vilã do futebol brasileiro.
O gesto desastrado de Rosenery rendeu frutos. Somente para ela, que faturou uma boa grana ao posar nua e virar capa da revista masculina Playboy de novembro de 1989. O país corria risco de ser punido pela Fifa por causa do mau comportamento da torcida. Mas Rosenery foi rapidamente absolvida, após ter sido constatada a má-fé dos chilenos no incidente. Algumas imagens de tevê e fotos de jornais mostraram que o sinalizador não atingiu o goleiro, que manteve uma lâmina escondida dentro da luva e, assim que o sinalizador caiu no gramado, desabou e cortou o próprio supercílio com a lâmina, o que foi confirmado pelos exames de corpo de delito, que não encontraram vestígios de pólvora no ferimento.
Com a farsa chilena sendo desmascarada, o Brasil escapou da punição e Rosenery ganhou status de estrela. Chegou a ser homenageada no Chile anos mais tarde. Já os protagonistas da farsa foram severamente punidos. Rojas, o técnico Orlando Avarena, o médico Daniel Rodríguez e o dirigente Sergio Stoppel foram banidos do futebol pela Fifa. O capitão da equipe, Fernando Astengo, e a Federação Chilena foram suspensos por quatro anos. O Chile, então, não pode disputar as Eliminatórias para a Copa de 1994. Em 2001, Rojas foi anistiado pela Fifa e voltou a trabalhar com o futebol, passando a ser preparador de goleiros e, posteriormente, técnico do São Paulo.

Fonte: globoesporte.com

Veja o vídeo

Assista entrevista com Rosinery em 1997

Um comentário:

Unknown disse...

Não deveriam ter tirado nem o video e nem a entrevista, pois agora como já fazem 20 anos, todos procuram saber mais sobre o acontecido na época, principalmente agora que o Chile está praticamente classificado junto com o Brasil para a copa de 2010.