segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Abertura dos Jogos de Seul

Os Jogos de Seul começaram sob o clima de emoção e de uma ovação sem precedentes, com a tocha olímpica entrando no estádio conduzida por Sohn Kee-chung, aos 75 anos e com reluzentes cabelos brancos, maior herói olímpico coreano, que 52 anos antes, com o nome de Kitei Son, ganhou a medalha de ouro na maratona representando o Japão, que ocupava militar e politicamente a Coréia naqueles tempos.
Sohn, então recordista mundial da prova e obrigado a competir pelos dominadores, passou o tempo todo dos Jogos explicando pacientemente aos jornalistas que seu país era uma nação independente ocupada, sem medo de represálias, pois os japoneses estavam mais interessados na sua vitória do que na diplomacia. Constrangido, após vencer a maratona, recebeu sua medalha de ouro no pódio olímpico ouvindo o hino nacional japonês sob o hasteamento da bandeira do sol nascente, olhando para o chão, ao lado do compatriota Nam Sung-Yong, também com as cores japonesas, que conquistou a medalha de bronze.
Nos anos 90, o Comitê Olímpico Internacional reconheceu sua nacionalidade, retirou extra-oficialmente do Japão as medalhas ganhas na maratona de Berlim - oficialmente, o COI não reconhece medalhas por países mas por atletas individualmente - e as passou à Coréia, unida, de antes da II Guerra Mundial, após a qual ela foi transformada em dois países, Coréia do Norte e Coréia do Sul.


Curiosidade
Existe entre os tesouros oficiais da Coréia do Sul um capacete de bronze datado da Grécia antiga. Este é o presente que foi dado a Sohn Kee-Chung pela vitória na maratona olímpica, apesar de não ter sido entregue a ele diretamente durante os Jogos. O capacete foi descoberto em 1875 por um arqueológo alemão em Olímpia e é similar a outros fabricados em Corinto, sete séculos antes de Cristo.
Após a maratona, o presente deveria ser entregue ao vencedor da prova, mas Sohn retirou-se do estádio sem ter conhecimento dele. Como as regras rígidas do COI proibiam que os atletas recebessem qualquer coisa além de suas medalhas, o capacete passou décadas exposto ao público num museu de Berlim. Nos anos 80, graças a uma campanha de um jornal grego sobre o fato, o capacete finalmente foi entregue em mãos de Shon-Kee-chung na Coréia, que em 1987 o doou ao povo do país como parte de seu tesouro nacional. Sohn morreu em 15 de Novembro de 2002.

Assista aqui a trechos da cerimônia de abertura

Nenhum comentário: